CHICA
27 SET
O folk, o anti-folk e o jazz na voz de chica padecem de uma característica própria dos inconformados: o que vem de fora é bem-vindo se preencher o que está cá dentro. E cá dentro, só existe inquietação. Do Minho para Lisboa, cria música de quem sabe o que fazer com a palavra e partilha-a com quem ainda procura a coragem de a usar também.
Manuseia os ponteiros do seu relógio e faz com o tempo o que dele quer fazer, com um auto-didatismo acompanhado: começa-se sozinho mas nunca se existe só na caminhada. É na união que se faz a força e chica descansa no amparo de braços que lhe querem bem – o coletivo é um refúgio.
O seu primeiro EP, Cada Qual No Seu Buraco, surge como cura para o individualismo ou, pelo menos, no jogo de espelhos do qual se insurge, reflete vivências que lhe são alheias. Num diálogo entre o político e a canção, entre trabalhar para ganhar a vida e a vida que se ganha gastar-se a trabalhar como já nos dizia Lena D’Água. Quem canta seus males espanta ou não fosse a cantiga uma arma.